quinta-feira, 28 de julho de 2011

Capítulo 16 - "Desculpe(a)"


Aquele objecto que separava o corredor do interior do escritório impedia de ouvirem o que eles diziam. Até que desistiram pois ouviram um barulho nas escadas e calcularam que seria alguém. 
- Vem aí alguém - diz a Flávia, ficando alertas para o fundo do corredor.
- Pois vem. -pegando na mão da Flávia - Anda, não podemos ficar aqui.
E entraram numa porta que avistaram, estava fora da visibilidade era certo, mas elas tinham de sair dali, era muito mau se alguém as vi-se ao pé da sala do director. Depois se a pessoa as mandasse entrar, a D.Madalena ia perceber que elas estavam a tentar ouvir a conversa.
- Olha , diz "Proibido a gente desconhecida" - Alerta a Flávia, lendo o papel na porta.
- Eu conheço-te, tu conheces-me, por isso não somos desconhecidas - brincou - preferes que nos apanhem?
- Claro que não. 
- Então anda. - Abriu a porta - Um pouco de aventura - disse baixinho, entrando com a Flávia, e fechando a porta devagarinho.


No escritório:
[Madalena]
Estava na escola, e nunca tinha ido lá, a Flávia tinha boas notas, não se portava mal, eu podia confiar nela... Não havia razões de ir às reuniões onde os professores falam de coisas de que não tem nada a ver. Quando cheguei à escola... nem queria acreditar, aquilo era mesmo grande. Tive de andar a perguntar às funcionárias onde era o gabinete do director, até que uma senhora simpática levou-me até ao bloco. Subi as escadas, parecia que nunca mais chegava ao 3ºpiso. Quando finalmente cheguei, foi fácil encontrar a porta, pois estava bem explicito "Gabinete da Direcção", por isso dirigi-me até ela. À medida que andava os meus saltos altos, muito desconfortáveis, faziam imenso barulho, o que me fazia sentir como o centro das atenções, mas ninguém se encontrava ali por isso não me preocupei muito. Por dentro sentia-me ridícula pela roupa que tinha vestido, mas como era a primeira vez que ia falar com o Director tinha de ter boa impressão... Se calhar até de mais. Quando cheguei à porta ganhei modos, e bati. Ouvi uma voz confortante. E entrei.
O director foi um pouco estranho, logo no inicio, disse logo o meu nome sem saber eu o dele. O que me preocupou um pouco... mas calculei que alguma funcionaria lhe tivesse avisado. Afinal elas servem para isso. As raparigas estavam lá sentadas nas cadeiras, e quando entrei tentei procurar a honestidade e a educação nele, não sei porque, mas parecia que estava ali a testá-lo. Mandei as raparigas saírem, para poder falar melhor com ele.


- Porque é que as mandas-te lá fora?  - Pergunta-me e mais uma vez trata-me por tu. Não dou muita atenção, pois pela expressão dele verifiquei que se tinha apercebido do que tinha dito, e sem dar-lhe chance de pedir desculpa ou o quer que fosse, respondi-lhe.
-Eu vi o senhor a tentar comunicar com elas.-Pôs as mãos em cima da secretária e olhei-o nos olhos.-Você não está a pare da situação pois não?  - fiz pausa - seja sincero... - pedi-lhe.
- Não mudas-te nada - sussurra e sorri.
- Desculpe? - não o tinha conseguido ouvir
- Nada... nada - atrapalhando-se.
- Que tipo de director é o senhor que não toma conta da sua escola. - voltei ao assunto.
- Eu tomo conto dela e dos alunos que cá estudam.
- Não me avisou do assunto. 
- Eu ...
Fica um pouco atrapalhado e levanta-se do seu cadeirão. Dirige-se à janela que se encontrava atrás dele, e manteve-se lá em pé colocando as mãos nos bolsos.
- Eu não sabia que a senhora era a mãe da Flávia -continuando - não sabia que a sua filha estava com estes problemas. - com uma voz meiga - Peço desculpa.
- Não sabia que era a mãe dela .... mas como sabia o meu nome?

Não me respondeu, simplesmente continuava a olhar para a paisagem que se via através das suas janelas. Fiquei um bocado baralhada pois não sabia se ele estava a pensar no que me haveria de responder, e decidi chamá-lo.
- Senhor director - sem resposta dele, estava mesmo fixo na paisagem - Senhor director - levantei um pouco a voz, se calhar até de mais, pois ele assustou-se e olhou para mim.
- Descul ... pe - engasga-se - Disse alguma coisa.
- Como sabia o meu nome? - insisti.
- Há ... o seu nome...- repetiu-me - A funcionária. Ela avisou-me.
- Pois, calculei que tivesse sido isso. - Afinal os meus cálculos estavam certos e sorri.
- Peço desculpa por não lhe ter dito nada. Peço desculpa por não ter tomado conta da sua filha. Peço desculpa.... - pedia ele , com a maior delicadeza. Nunca o tinha visto um director, nem sequer a minha patroa era assim tão delicada quando era injusta comigo, e interrompi-o.
- Não precisa de pedir desculpa. Eu tomo conta da minha filha. Não preciso que o senhor tome conta dela. - informei-o um pouco ofendida. -  Só quero que lhe dê segurança.
- Não era isso que queria dizer
- Pois, eu percebi. - disse um pouco chateada. - Eu queria saber o que vai acontecer à outra rapariga.
- A Rute? Vou telefonar aos pais dela... Vamos ver o que eles vão dizer.
- Depois gostava de ser informada.
- Sim senhora. Queira-me deixar o seu número... - diz baixando um pouco a cabeça que a principio pensei que fosse de timidez, mas nisto vejo-o a remexer com a mão no bolso do seu casaco, tirando uma caneta, o que me fez rir de mim própria. - Está-se a rir - diz-me espantado - É bonito...
- Bonito? O quê?- aquele director era esquisito.
- O seu... - olhando para a minha cara- olhos. Os seus olhos são bonitos - completa.
- Hum... o meu número - relembrei-lhe - a caneta se faz favor - pedi-lhe educadamente.
-  Sim tem aqui - poisando a caneta em cima da sua secretária. Tirei um papel da minha mala, e apontei o meu numero. - Tem aqui - levantei-me - Vou indo, então.
- Sim, muito bem. Então até um dia destes. - dá a volta à sua secretária e vem ter junto a mim.
- Desde que não seja numa situação destas - sorri, mas apercebi-me que a resposta não tinha sido certa.
- Sim.. Quem sabe um café... - fiquei admirada pela sua proposta. Pensei que fosse levar a mal. E olhei para a mão dele. o que eu temia, tinha aliança. Mas que director, assim do nada já aproveitar-se de mim. 
- Desculpe se me fiz expressar mal, eu não estava a combinar nada consigo. - avisei-o. - O senhor aproveita-se. - dirigi-me à porta, ofendida, e magoada comigo mesma.
- Peço desculpa - Abri a porta, fingindo que não o ouvia - Desculpe-me - implorava e eu sem olhar para trás. Sentia-me mal, pois eu é que tive a culpa, não devia ter dito aquilo. Foi andando até me encontrar do lado de fora com a mão no punho da porta pronta a fechá-la e ele ainda se pronuncia mais uma vez, com delicadeza.
 - Desculpa Madalena - abrandei o meu gesto e olhei para ele, queria verificar se estava a ser sincero, e vi que continuava a olhar para mim. Não tive coragem de responder e fechei a porta. Mas que parvoice. O que se tinha passado ali não se justificava. Que momento estranho. Aquelas últimas palavras faziam eco na minha cabeça. Precisava de ir para casa.



quinta-feira, 21 de julho de 2011

Capítulo 15 - "A curiosidade"

Os olhos de todos continuavam-se a fixar na porta. Cada vez se aproximava mais o barulho dos saltos altos, até que a pessoa bateu duas vezes à porta.
- Sim - diz o director com a sua voz rouca, e com os seus olhos fixados na porta.

A pessoa roda a maçaneta, abrindo a porta um pouco.
Primeiro viu-se uns cabelos ondulados castanhos a expreitarem, só depois se consegiui ver uns olhos esverdeados, e ouviou-se.
- É aqui.

Quando a pessoa vira as costas para fechar a porta, a Flávia já se tinha a percebido de quem se tratava. Aquela voz para ela era conhecida, muito, muito conhecida, mas só quando a pessoa se vira de frente para eles, é que o director se apercebe de quem se tratava.
- Madalena - diz ele ficando espectado a olhar para ela, deslumbrando com os olhos de cima a baixo.
- Dona Madalena - Corrige-o, dando uns passinhos em frente e inclinando o braço para se comprimentarem - Sou a mãe da Flávia. Lamento de nunca ter vindo às suas reuniões, mas sabe, o trabalho não permitia.
- Há sim, pois.- gaguejando.

Flávia estranhava a reacção do director. Não só a Flávia como a Márcia e a Rute também que teve de se pronunciar.
- Pa... Sr.Director - corrige-se com uma cara rude - Está bem? - mudando a faceta para preocupada.
- Estou - continuando a olhar para Madalena.
- Posso-me sentar? - pergunta-lhe 
- Pode sim. Claro que pode. Sente-se. - Diz um pouco atrapalhado, sentando-se também no seu cadeirão.
- Já sobe o que se passou. Importa-se de me explicar - Pediu-lhe ao mesmo tempo que cruzava a sua perna, colocando a mala em cima delas.
- Ah - um pouco embaraçado - Elas estavam agora a explicar ...
- Então o Director não sabia do que se passava - diz suspeita interrompendo-o
- Ah, digamos que ... - pensa um bocado e retoma a frase - Que hoje o caso agravou-se.
- Ai sim ... - continuando com a cara de quem não estava convencida.

O Director olha para as raparigas, tentando que elas falassem e confirmassem uma parte. A parte em que só hoje é que a situação se tinha agravado, pois ele saber do que se passava, isso não sabia.

- Meninas, importam-se de sair, se faz favor. -Pediu delicadamente Madalena, logo que reparou que o Director tentava comunicar com elas por olhar, pois o que ela queria mesmo saber era se o Director era sincero o suficiente para dizer a verdade.
- Sim - disse a Márcia, pegando no pulso da Flávia e levando-a em direcção à porta para saírem.
- E a menina, se faz favor - diz Madalena olhando para a Rute.
- Há sim. - responde um pouco insatisfeita.


A Flávia e a Márcia já se tinham retirado do escritório e sentaram-se num sofá que se entrava a uma pequena distância do escritório, à espera da Madalena, e viram a Rute. Ela olhou-as de lado, e continuou o seu caminho, nem para trás se limitou a olhar.

- A minha mãe estava estranha, não estava? - diz a Flávia, um pouco surpreendida pela atitude da mãe.
- Sim, realmente também notei.
- Foi estranho .... - diz um pouco pensativa.
- Pois foi. - faz uma pausa - E Vis-te como ela vinha vestida. Nunca vi a tua mãe de saltos altos, com uma saia preta um pouco acima do joelho e uma blusa branca por dentro. Não faz nada o estilo dela.
- Pois não. Mas ela estava linda. - sorrindo - Ela saltos altos usa. Mas já há muito tempo que não me lembrava de a ver assim. Parece uma empresária.
- Pois parece. Os saltos fazem-na mais alta.
- Mais alta do que já é.
- Deve ser para ficar da altura do director.
- Realmente. Ele é muito alto. - abanando a cabeça afirmativamente.
- 1.88
- Ah? - olhando para a Márcia, pois não tinha percebido.
- 1.88 - repete - 1.88 , é quanto mede o director - Esclarece.
- Ah... - entendendo-Agora já percebi. Mas puxa tanto...
- Ya - olhando para o relógio que se encontrava pendurado na parede da frente- A tua mãe está a demorar...
- Pois está. O que será que se passa lá dentro.
- Também não sei.
- Queres ir ... - fazendo gestos para a porta do escritório.
- hum... - percebendo aqueles sinais -  não sei se será boa ideia. - não ficando muito convencida.
- Ninguém vai saber- Tentando tranquilizá-la.
- Olha que não sei. E se aparece alguém?
- Se formos agora que não está ninguém... - Faz uma pausa-  Também é num instante.
- Hum... -pensa um pouco.
- Anda - levantando-se e pegando na mão da Márcia, tentando incentivá-la.
- Está bem.

Foram sorrateiramente em direcção à porta do escritório.
Caminham com as pontas dos dedos, olhando sempre à sua volta, até que alcançam a porta e colocam os seus ouvidos juntos à madeira castanha para poderem ouvirem algo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Capítulo 14 - "Só avisos e... silêncio"

O gabinete do Director era enorme e por detrás do seu cadeirão continha uns enormes vidros que dava para ver a cidade toda, pois situava-se no 3ºpiso do bloco E.
Quando entraram, o Director estava sentado na sua cadeira de pele preta com os cotovelos em cima da mesa com uma cara de quem não tinha gostado nada da situação.

- Sentem-se - Ordena-lhes com a sua voz grossa, chegando uma das suas mãos à sua pequena barba no queixo que tinha deixado à pouco tempo de fazer. - Quero que me expliquem tudo sem insultos. - virando a cara para a Márcia.
- Eu conto - diz a Rute, fazendo com que os olhos do director se desviei da cara da Márcia, focando-os na cara da Rute.
- Não contas nada sua mentirosa - Impõe-se a Márcia - Aproveitas-te dos mais novos.
- Que conversa é essa?- Desta vez o Director focava a cara das duas, inclinando-se para trás.
- Ela é que está a mentir - apontando para a Márcia.
- Não estou nada - levantando a voz.
- Já chega!- levantando-se e batendo com a mão na sua secretária. - Deixei a Flávia falar, afinal ela é que estava no chão. - sentando-se no cadeirão e focando a cara da Flávia, que mantinha a cabeça baixa, e devagarinho a levantou para o encarar.
- Bem - diz baixinho,mas quando sente a Márcia a segurar-lhe na mão,  sentiu muita força e coragem para falar sem ter medo. - A Rute tem em obrigado a trazer coisas para ela. - disse nem muito rápido nem muito devagar, falou o suficiente para o director deixar cair o seu queixo de tão surpreso ficou pela situação.
- Vai-se arrepender. - diz a Rute, entre dentes furiosa.
- Quem se arrepende és tu se lhe tocares - Avisa a Márcia que ouviu o que ela tinha dito.
- Arrependem-se as duas se tornam a dar avisos umas às outras - Avisa-as o Director, e de repente faz-se silêncio.

Silêncio suficiente para se ouvir passos  de salto alto, concluindo que seria uma mulher.
O som cada vez se aproximava mais, o que fez com que ficassem a olhar para a porta com curiosidade para saberem, quem é que haveria de abrir aquela porta, logo naquele momento.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Capitulo13 - "Protectora"

Márcia quando chegou lá, viu a Rute a encostar a Márcia à parede, acabando-lhe por dar uma chapada. Flávia foi descendo pela parede até se sentar no chão.
- Satisfeita - diz-lhe com os braços agarrando os joelhos e com lágrimas a escorrerem-lhe o rosto.
- Achas que tenho pena de ti? - fechando a mão com força, até ficar vermelha -  Não fizes-te o que te mandei. - e começou a dar-lhe pontapés.


Márcia quando vê a amiga a ser tocada com toda a força com aqueles ténis da nike, começa a correr na direcção da Rute e empurra-a, fazendo desequilibrar-se acabando por cair no chão.
- Ouve lá! Mete-te com alguém do teu tamanho! - Diz em alto e bom som, levantando a cabeça e enchendo o peito de ar.
- Mas quem é que tu és? - levantando-se do chão.
- Sou uma pessoa que tu não vais gostar de ver chateada!
- Chateada? Deixa-me rir. - diz ironicamente -  Eu não te fiz nada! - Voltando com a sua cara de furiosa.
- Pois não, mas fizes-te a ela - apontando para a flávia que ainda continuava no chão.
- Mas... - avista o professor e muda totalmente de reacção. - Eu? Eu não fiz nada. Vens aqui e empurras-me.
- Mas do que é que... - diz confusa devido á mudança de comportamento dela.

Director: O que se passa aqui? (interrompendo a Márcia, que fica surpreendida pela jogada da Rute)
Rute: Foi ela, sr. Director. Ela é que estava a bater na minha colega. (apontando para a Flávia)
Márcia: Eu?
Rute: Está a ver? já me está a imitar! (diz interrompendo-a)
Márcia: (fica furiosa pela sua falsidade) Sua CABRA! (diz alto, e atirando-se a ela) Quem é que fez o quê? Sua cabra (repetindo estas palavras à medida que se agarravam uma à outra com violência)
Director: Parem imediatamente com isso! (Impondo ordem naquele local) As três já para o meu gabinete (ordenou e saiu compondo a gravata)

A Márcia e a Rute param de brigar ao ouvirem a voz do Director a impor para que fossem as três para o gabinete. A Rute logo que se viu longe das mãos da Márcia seguiu logo atrás do Director para o gabinete, enquanto que Márcia senta-se no chão ao lado de Flávia abraçando-a.
- Calma já passou - diz com uma voz meiga, tentando tranqualizar Flávia.
- Eu estou farta -  Diz cheia de raiva, e com lágrimas a cairem-lhe fortemente pelo rosto, deitando a cabeça no ombro da amiga.
- Eu estou aqui. Nada te fará mal. Prometo. - dando-lhe um suave beijo na testa.
- Obrigada - não sabendo o que dizer mais.
- Obrigada? - Ficando pasma por aquela resposta - Não sejas parva, eu sei que farias o mesmo por mim - rindo-se as duas - Vis-te já te pôs a rir - afirma com ar de convencida durante alguns segundos.
- Tens um poder de fazer rir - Dando uma desculpa- Não tenho culpa .
- Ya, sabes é o meu Porto - Pondo o ar de convencida outra vez- É melhor que o...
- Vá, Vá - levantando-se e interrompendo-a, pois já sabia onde ela queria chegar - Não vais começar - limpando as lágrimas.
- Não.- rindo-se - Bora lá para o gabinete - levantando-se também.
- Pois- baixando a cabeça.
- Nem penses.- pondo a mão no queixo e levantando a cabeça da Flávia - Quero esses olhos a olharem para mim. São bonitos por isso nada de os esconder.
- Ok - sorrindo, e levantando a cabeça e começando a andar com confiança. Nisto sente a mão da Márcia a puxar-lhe o braço o que faz com que ela se vire para trás e olhe para ela.
- Olha eu vou estar aqui. O que te acontecer, acontece a mim - Sorrindo as duas e dando um enorme abraço.