segunda-feira, 25 de abril de 2011

Capítulo 4 - "A Reacção"

Demorava-se 30 minutos de carro para chegar à escola e finalmente já tinham chegado.
Era uma escola acolhedora, tinha as paredes desenhadas com árvores, animais, brinquedos que despertava a atenção ás crianças. As grades eram brancas e havia um enorme portão que parecia a entrada para um castelo.
Quando entraram, Flávia segurou a mão de Madalena, e esta com medo da reacção da filha fez os possíveis para sorrir, e demonstrar-lhe que aquele sítio era divertido e acolhedor.

- Olá, sejam bem vindas. - diz uma educadora.
- Bom dia. Esta é a minha filha Flávia e é o 1º dia em que ela vem para a escola.
- Esteja descansada.Venha comigo e com ela para vos mostrar os "cantos à casa" - sorrindo.
Madalena retribuiu e disse:
- Com certeza. Anda Flávia, vamos ver a escola.

À medida que demmonstravam cada espaço da escola, Madalena sentia flávia a largar a pouco e pouco a sua mão e ficando cativada com tantas bonecas dirigiu-se para elas, com um enorme sorriso.
Madalena ao ver a reacção da sua filha, sorriu, e com tanta emoção, caiu uma lágrima do olho.

- Está bem minha Senhora- Diz a Educadora.
-  Sim, estou -limpando a cara - Só não estava à espera que esta fosse a reacção dela... Agora estou mais aliviada...
- Mamã anda ver ... - Chama-a a Flávia no meio de tantas bonecas.
- Diz filha... - aproximando-se dela.
- Esta é uma miga, que gota de música- amostrando a boneca que tinha na mão- Como lhe chamo?
- Hum... Rita... Rita é um nome bonito...
- Hum... Não. - diz de repente. - Madalhena. É o nome da mamã e é mais nito - sorrindo.
Madalena dá-lhe um abraço.
- Bem filha a mamã tem que ir trabalhar. Depois venho-te buscar.
Despedem-se com um beijinho e Flávia fica entretida a brincar com as bonecas.

Madalena descobriu que o medo não era da reacção da filha. O medo era de já não poder ver, todas as horas, todos os momentos, aqueles olhos azuis que cada vez mais, faziam lembrar  o João...
Afinal,.... Madalena tinha saudades...

domingo, 24 de abril de 2011

Capítulo 3 - "Jardim de Infância"

Flávia, já tinha 4 anos. A sua pele já não era tão branca, o seu cabelo era mais clarinho, mas continuava com os olhos azuis.
Madalena, todas as manhãs tinha de por música para Flávia acordar bem disposta. Era estranho aquele comportamento, mas os médicos não acusaram de nenhum problema, simplesmente disseram que ela gostava de música. Madalena, não se importava nada, até dava outro clima à casa.
Já era Setembro, e estava na hora de levar a Flávia ao Jardim de Infância.
Iam no carro e Flávia parecia estar ansiosa por saber qual era a escola nova.
- Mamã, é aquela - apontava ela de dentro do carro, para o edifício da Câmara Municipal.
A mãe ria-se, e perguntava-se como iria ser a reacção de Flávia ao saber que ia passar lá a maior parte das horas. Será que ia chorar?Ou adaptar-se?
Madalena temia, pois não ia aguentar vê-la chorar.

Capítulo 2 - "A Carta"

A carta era de João, marido de Madalena que em Agosto foi chamado para ir para a tropa. Madalena ficou feliz por ele ter escrito aquela carta muito mais cedo do que ela pensava.

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De: João 
Para: Madalena 

" Querida mulher,

Espero que a nossa filhota tenha comprido o prazo que a médica disse que seria... que seria dia 4 de Novembro.
Lamento imenso de não ter estado presente nesse intenso momento, que tanto gostava de te ter apoiado, dando-te  toda a força e a dizer a todos os minutos que és a mulher mais forte do mundo!
Tenho umas enormes saudades tuas, e ainda aqui estou à uns meses, e infelizmente, não sei quando vou regressar para o pé de vocês. 
De certeza que a nossa adorada filha é linda. Ela tem de ter olhos azuis como os meus (não é que seja convencido, mas são lindos! não é amor?) , e que seja morena para não ter problemas de ir a praia e andar a por protector a toda a hora. 
Mas o que importa não é como ela é. O que importa é que é o nosso fruto! O fruto do nosso amor!
Espero sair o mais rápido possível desta enorme batalha, para poder estar contigo (dar-te muitos carinhos) e ao pé da nossa filha que há-de ter muitos admiradores!! Mas isso eu trato deles .... 

Bem já te disse que te amo hoje?
Pois bem, EU AMO-TE mulher da minha vida, estarás para sempre no meu coração. 
Beijo enorme do teu admirador , 
João
P.S. Lembra-te a distância só nos une cada vez mais. "


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Á medida que lia a carta, escorria-lhe lágrimas pelo rosto. 
O seu coração sentia saudade e medo que o seu marido não pudesse ver a beleza da sua filha e o seu crescimento.
Então como promessa, Madalena fez um álbum e todos os meses iria tirar fotografias à sua filha e colocá-las lá, para que quando o seu marido regressa-se, eles pudessem partilhar aqueles momentos de novo.

Capítulo 1 - "Melhor momento"

Dia 4 de Novembro de 1995, ás 16 horas, lá estava a Sra. Madalena a entrar pela porta do hospital numa maca, pronta para entrar em parto. Apesar da ausência do marido, ela tinha ao seu lado a sua mãe, Cristina, para a apoiar.
Ás 18.45, depois de tanta força, dor, e ansiedade, ouviu-se um grito misturado com um som de chorar. Era uma menina de olhos azuis, pele branquinha, cabelo castanho e pesava 2quilos e 200gramas.Era linda!
Com os tratamentos para ver se estava tudo bem com a bebé, e os cuidados com a mãe porque só tinha 22 anos e tinha perdido muito sangue, no dia 9 de Novembro, já estavam de regresso a casa no carro que a dona Cristina conduzia.
Moravam em Lisboa, num apartamento de 3 assoalhadas . Era uma casa espaçosa, como mobiliário já tudo completo. O quarto da pequena Flávia (sim, Flávia era o nome da bebé de olhinhos azuis, assim decidiu a mãe), tinha um berço, uma secretária onde estava tudo o que era preciso para quando se tinha um recém-nascido em casa.
Quando chegaram a casa havia uma carta na caixa de correio que Cristina foi entregar à sua filha Madalena que colocava a bebé no berço. Madalena assim que viu de quem era a carta, pediu à sua mãe que se retirasse do quarto. Ao lado do berço da bebé, encontrava-se um sofá, onde se sentou e abriu a carta....