domingo, 12 de junho de 2011

Capítulo 9 - "Pensamento Jovem"

Flávia estava no quarto e tinha ouvido tudo o que se tinha passado na cozinha.
Ela preocupava-se com a mãe, pois sentia que ela tinha saudades do pai. Pai, que ela nunca viu, mas acreditava nas palavras que a sua mãe dizia à cerca dele, pois eram letras e juntas uma a uma, encaixavam perfeitamente nos olhos brilhantes dela.
Mas naquele momento Flávia estava preocupada, e decidiu escrever.


"Querido Diário...
Quem diria que eu te ia usar? 
Ainda para mais hoje no meu dia de anos que estou totalmente estafada porque a minha festa foi muito divertida e comi demais... 
Mas bem, pode ser que tu me compreendas, ao menos que me entendas, ou então... deixa-me só escrever.
Vou-me apresentar.
Como já deves ter percebido, faço anos no dia 4 de Novembro, e hoje fiz 10anos.
Bem, moro em casa com a minha mãe. O meu pai? Não sei. 
Não o conheço, mas por aquilo que a minha mãe fala dele, ele é uma pessoa espectacular e não me abandonou! Simplesmente "teve que ir salvar o mundo". É o que ela diz.
Hoje estou preocupada com ela, afinal de contas discutiu com a minha avó na cozinha.Tudo isso porque a minha avó falou em mudar de casa, e a minha mãe começou a falar muito alto, até que eu consegui ouvir tudo.
O que não percebi foi quando ela terminou a conversa com "Eu não vou deixar que ela sofra como eu sofri!"
O que será que ela queria dizer com isso? Sofrer como ela sofreu?
Apesar destas suas palavras terem sido com raiva e revolta, eu ainda consegui sentir protecção...Mas estava a proteger do quê?
Bem não percebo nada de conversa de adultos... também são todos muito confusos. E ainda para mais não percebi se ia mudar de casa ou senão....
Os adultos só põem questões difíceis para nós crianças, e muitas das vezes tomam decisões complicadas para um dia virmos a entender.
Agora o pior de tudo é que amanhã é Domingo... é muito mau, quer dizer que depois é segunda! 
O clima na escola não anda muito bom... Também o melhor é não pensar nisso. Um dia hei-de ter coragem... e não me peças para te implorar para te contar o que está acontecer... Um dia talvez te escreva... Mas talvez quando tiver coragem... é que nem com a minha mãe... nem com a Márcia consigo falar, agora que não estamos na mesma turma, apesar de ser na mesma escola, é muito difícil ...... "



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